domingo, 19 de junho de 2011

::..O acalento depois do pesadelo..::


"Você marcou presença onde não há valor..." R.S


A saudade não me martirizou tanto quanto eu imaginava, pois neste dia eu aprendi que sua presença é muito mais do que posso ver...
  
       Envoltas na escuridão, ambas ainda se remexiam em seus ninhos a fim de procurar a melhor maneira de se acomodar e resgatar o sono que há tempos não batia à porta da dupla por motivos individuais.
    Luna estava excitada com tantas novidades, era estranho pra ela sair da muralha enérgica constituída de amizade oportunista que nem ela mesma saberia descrever o que realmente significava aquele vinculo e porque enfatizava tanto aquelas laços ao ponto de se isolar do restante do mundo e de si mesma.
  Bruna por sua vez, não conseguia se acostumar com o fato de dividir, não conseguia viver em sociedade, a presença de qualquer outro ser seria encarada como uma grande invasão. Porém, a presença de Luna era o acalento tanto esperado desde o seu nascimento.
   Bruna conseguiu fechar os olhos, mas teve seu sono perturbado. Um sonho ruim, uma mistura de realidade e sonho, a pior imagem já vista por ela. Bruna se contorcia de dor, uma dor que vinha da sua alma, algo que lhe destroçava o coração, a morte parecia muito próxima tamanha era sua agonia. Mas uma luz, uma pequena fresta no fim do abismo, uma mão protetora lhe puxou, um choque de realidade levou Bruna de volta ao aposento, no ninho ao lado, estava acordada e uma armadura lhe impermeabilizou de todos os perigos. Viu-se nos braços de Luna
    Bruna ainda assustada compartilhou pela primeira vez as experiências trágicas de sua vida, a cada detalhe, Luna sentia a dor de sua companheira, de modo que conseguia entender o motivo desse comportamento tão peculiar.
   Com carícias inesperadas, a menina de olhos tristes e pesadelos calorosos adormecera em seu manto protetor.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

::..Tudo começa a fazer sentido..::


"Fairy lady, who stands on the walls
Life is short and wait is long.." S.


          Quando penso que tudo não passa de mera coincidência, um magnetismo sobrenatural me leva ao encontro dela, não importam as circunstâncias, estamos pisando sempre no mesmo terreno, sempre no caminho uma da outra...


  Enquanto Luna e as demais companheiras de aposento ainda tocavam suas malas ao chão, Bruna já havia organizado toda a sua bagagem, com todos os cuidados e detalhes necessários.
          Neste primeiro momento, a prioridade seria a instalação de todos os irmãos, pois a noite havia avançado e em pouco tempo a bela lua cheia que protagonizava todo o espetáculo natural daria lugar à aurora
        A divisão entre os irmãos fazia-se necessária apenas no momento em que todos se recolhessem. A divisão seria apenas entre os aposentos, um feminino e outro masculino
       O cenário era de imensa elegância, nem mesmo a nobreza teria tamanho privilégio: o assoalho rangia, havia teias de aranha em cada canto daquele lugar, os morcegos reinavam soberanos em seu território. Alguns passos adiante os irmãos se admiravam, uma mistura de pavor e curiosidade ao ver os grilhões, correntes e chicotes. No canto da sala via-se uma cadeira de ferro que em seus braços prendiam dois grilhões, o que lembrava uma cadeira elétrica. A fragilidade da antiga estrutura impedia que fizessem um movimento mais brusco, deixando uma penumbra ansiosa e temerosa no ar sempre que as paredes estremeciam. Bruna ficou fascinada quando se deparou com uma passagem secreta que levava até o templo sagrado.
       Luna observava atenta aquela menina, a única que ao invés de se apavorar como as demais, estava cada vez mais encantada e curiosa. Para Luna, talvez a visão que Bruna tem sobre tudo era a única no mundo todo.
       A noite avançava com mais rapidez do que se esperava. Os irmãos não perceberam que já se passava da quarta hora, pois estavam vislumbrados com todas aquelas novidades
      Os homens adultos conduziram os meninos ao aposento masculino, assim como as senhoras fizeram com as meninas
      A simplicidade era um requisito máximo daquele ambiente. Os quartos eram apenas um espaço onde cada um construía seu ninho com o que puderam levar. Então, todos se acomodaram no chão tomando todo o espaço, com apenas o necessário para separar o corpo do assoalho frio e gasto.
     Bruna, logo de imediato percebeu o hábito que marca a principal característica de Luna:
      Luna deixou para última hora a organização do seu ninho. Todo o assoalho fora ocupado e não havia lugar para que seu ninho fosse construído, quando olhou melhor viu que havia uma fenda bem no canto do cômodo e, então sua cama foi feita, quente e acolhedora, espaço curto, muito próximo ao calor do corpo de Bruna, sentiu seu hálito quente em sua nuca e uma estranha sensação lhe percorreu pelas vértebras. As luzes se apagaram...
  

terça-feira, 7 de junho de 2011

::..O cerco começa a se fechar..::

"São teus olhos, a luz de mil estrelas...." S.J

Luna, como sempre audaciosa e precipitada, não se deteve e se aproximou de Bruna. A alegria de Luna transpareceu de modo que foi perceptível a todos as feições de seu rosto se moldando a cada sensação de nem mesmo a própria saberia descrever.
    Bruna por sua vez foi receptiva e gentil o suficiente para que Luna se encantasse logo a primeira vista, mas Bruna trazia uma sombra sobre seus olhos e apenas Luna conseguia ver o brilho. Aos olhos de todos os olhos de Bruna eram opacos, sem vida e sem cor onde transparecia uma dor muito grande e contagiosa.Via-se em suas expressões que Bruna é um templo de emoções e mistérios, o que deixava Luna cada vez mais interessada em desvendar cada milímetro de seus sentimentos....
    Seguiram para receber a benção enquanto ouviam outros irmãos fazendo piadas com seus nomes, que até o momento, as duas não haviam percebido que realmente eram parecidos. Será só coincidência? Ah! Deve ser...