domingo, 29 de maio de 2011

::..E as almas se transformam em matéria..::


"Nada é por acaso e nem precisa ter razão.." S.J


Um vento gelado sopra de dentro para fora do corpo dela e sente-se como se um grande tornado tomasse conta do ambiente, como se iniciasse o sopro de vida, mas de forma brusca, dolorida e, ao mesmo tempo, prazerosa. Tal fenômeno foi imperceptível a todos, pois, se tratava de um presságio de que a vida começaria a ter algum sentido a partir daquele momento...

    Em suas atividades remotas e corriqueiras, ela recebeu de um dos membros da fraternidade um envelope pardo que de imediato reconheceu. Tratava-se de um convite, pois, logo viu os dizeres que o identificava “Convite especial a nossa ilustre irmã Luna (convite individual)”. Luna leu o conteúdo que estava no interior e sentiu-se muito honrada, pois, tinha absoluta certeza de que seus mais queridos amigos estariam em sua companhia naquele evento. Com o convite em mãos, Luna foi ao encontro de seus amigos para providenciar todos os preparativos para o encontro. Havia muito que se fazer, pois, o local seria muito distante da visibilidade urbana onde deveria ter consigo todos os mantimentos possíveis. 
    Com a cabeça entre as mãos, ela se lamentava no fim daquela tarde. Descobrira que apesar de muito queridos pela fraternidade, nenhum de seus amigos fora convidado para o tal encontro. Enquanto contemplava o crepúsculo, ela pensava como seriam difíceis aqueles próximos dias, pois apesar do propósito do encontro ser a meditação e amor ao próximo, sua humanidade não lhe permitia o isolamento de seu conforto cotidiano sem ao menos um amigo para conversar entre uma palestra e outra.
     Ao cair da noite, ela já havia providenciado o que lhe era pendente e seguiu ao encontro dos seus irmãos antes da viagem - todas as pessoas que participariam do evento primeiro deveriam se reunir no templo para que fosse concedida a benção e só então partiriam ao seu destino. Luna olhava impaciente com a esperança de que ao menos uma pessoa fosse familiar aos seus olhos para lhe servir como companhia naquele isolamento. Olhou diversas vezes e ninguém lhe parecia familiar. O desespero foi tomando conta dela a ponto de desistir de tudo.  Luna levantou-se, rodou pelos calcanhares. Porém, antes que pudesse dar o primeiro passo em partida, seus olhos, como relâmpagos furiosos e muito rápidos, encontraram os olhos mais brilhantes que já viram; os olhos que se tornariam inesquecíveis. O reconhecimento foi imediato, eram os olhos de sua alma gêmea...